Por trás da sua aparência frágil esconde-se uma vontade de ferro. O sorriso que emana dos seus olhos grandes, castanhos, transmite a alegria do pioneiro que se deleita a abrir o caminho, mesmo que nem todas as circunstâncias lhe sejam favoráveis, como, no caso, os 7.000 Km que a separam de casa e do seu maior desvelo, a irmã Mariana.
Inês Godet, 25 anos acabadinhos de fazer, é si mesma uma força, o que se revela sobretudo quando fala do outro. “Admiro imenso todas as pessoas que dedicam parte das suas vidas a tentar fazer ou descobrir algo por pura curiosidade acerca deste mundo em que vivemos, ou com o objetivo de tornar a nossa existência melhor”. Em Baltimore, EUA, numa das mais prestigiadas universidades de Medicina do Mundo, a Johns Hopkins University, a própria dá todos os dias um passo nesse sentido. Apesar do programa de doutoramento ser da escola de Engenharia, a investigação é conduzida no laboratório da Dra. Daniele Gilkes, que está inserido no departamento de Oncologia da Escola de Medicina.
“Um dos meus principais projetos – explica – consiste na criação de um sistema que requer a manipulação de células derivadas de diferentes cancros da mama, que reporta quando uma célula sente um ambiente hipóxico (ausência de oxigénio dentro do tumor que promove a sua agressividade), através de uma mudança de cor. Esta mudança é irreversível, permitindo distinguir as duas populações de células e estudá-las separadamente”, explica. A fase seguinte (experiências em animais) permitirá determinar de que forma essas células tornam mais agressiva a progressão do cancro e aceleram a cascata de metástases.
O cancro foi sempre uma nuvem negra na cabeça de Inês Godet. “Desde cedo percebi que intervir ativamente na área da Medicina me realizaria não só a nível profissional, dada a importância e a progressão deste campo, mas também a nível pessoal, por de alguma forma poder contribuir para uma sociedade mais saudável e sustentável. Com tantas questões por responder, a área da oncologia despertou o meu interesse”, explica-me.
Apesar da oferta em Biologia básica ser vasta, um curso mais abrangente deixá-la-ia melhor preparada para enfrentar as diversas formas de abordar a investigação científica e a doença. Foi com esta motivação que chegou ao Instituto Superior Técnico, em cujo website leu uma breve discrição sobre Engenharia Biológica. Pareceu-lhe, de imediato, a escolha certa. Era! Em 2015 seguiu para a Johns Hopkins, agradecendo a Leonor Silva, colega de Engenharia Biológica, que a apresentou ao Dr. Denis Wirtz, que a orientaria na tese de mestrado. Regressou a Lisboa com 20 valores e um convite para fazer o doutoramento, ou PhD, como por lá se diz. O primeiro ano já passou. Sobram três.
Em Baltimore, a sua vida está recheada de estrangeiros, mas também há portugueses, pessoas super interessantes, que, nalguns casos, já se tornaram bons amigos. Além de todos os seminários e palestras a que assistefrequentemente nos campus, por vezes, Inês também apresenta os posters da sua investigação em simpósios. Vai espalhando a palavra e o interesse sobre o cancro da mama. O reconhecimento tem chegado sob diversas formas. No Técnico, por exemplo, foi recentemente agraciada com o Prémio Engenheira Maria de Lourdes Pintassilgo, ao lado de Maria Graça Carvalho, antiga ministra da Ciência, outra ilustre filha da casa.
As saudades de ouvir e ver o mar e o cheiro a maresia, as pessoas humildes, e, claro, Mariana, enchem-lhe o coração. Fazem-na sonhar com um futuro tão auspicioso como o presente… mas em casa!
http://www.jornaleconomico.sapo.pt/noticias/ines-godet-uma-centelha-de-esperanca-na-luta-contra-o-cancro-169725#.WT_DDcecNtE.facebook
Em Baltimore, a sua vida está recheada de estrangeiros, mas também há portugueses, pessoas super interessantes, que, nalguns casos, já se tornaram bons amigos. Além de todos os seminários e palestras a que assistefrequentemente nos campus, por vezes, Inês também apresenta os posters da sua investigação em simpósios. Vai espalhando a palavra e o interesse sobre o cancro da mama. O reconhecimento tem chegado sob diversas formas. No Técnico, por exemplo, foi recentemente agraciada com o Prémio Engenheira Maria de Lourdes Pintassilgo, ao lado de Maria Graça Carvalho, antiga ministra da Ciência, outra ilustre filha da casa.
As saudades de ouvir e ver o mar e o cheiro a maresia, as pessoas humildes, e, claro, Mariana, enchem-lhe o coração. Fazem-na sonhar com um futuro tão auspicioso como o presente… mas em casa!
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